Alunas da Faculdade de Medicina da USP protestam contra abuso sexual

Ari Oliveira | 10:46 PM | 0 comments

Casos de denúncia de estupros estão sendo investigados. Faculdade vai aumentar segurança e cuidar da recepção a calouros.
Alunas da Faculdade de Medicina da USP fazem no início da tarde desta terça-feira (25) um protesto em frente aos portões da instituição, na Avenida Doutor Arnaldo, Zona Oeste da capital, contra a violência e o abuso sexual denunciado nas festas de estudantes. Vestindo camisetas roxas para lembrar o dia internacional de combate à violência contra a mulher, as estudantes escreveram faixas pedindo o fim dos casos de violência na USP. Denúncias de abuso sexual, intolerância racial e homofobia na FMUSP estão sendo investigados pelo Ministério Público.

A faculdade está em processo de investigação dos casos de denúncias de estupros de alunas e outros tipos de violência nas festas promovidas pelos estudantes. Em reunião no Ministério Público na noite desta segunda-feira (25), o diretor da FMUSP informou que a instituição recebeu quatro denúncias formais. No inquérito civil, a promotora relata oito casos de denúncia registrados desde 2011. O grupo de alunas pede mais efetivo feminino na Guarda Universitária, a contabilização e divulgação dos casos de violência dentro da faculdade. Ana Luiza Cunha, 26 anos, aluna de medicina da USP, estava presente na reunião realizada nessa terça-feira (25), e afirmou que o clima estava "tenso", e que o diretor da FMUSP, José Otávio Costa Auler Jr., comparou os casos ocorridos na faculdade com o que ocorre na sociedade em geral. O reitor Marco Antonio Zago também fez essa comparação.
"Na reunião, o diretor disse que o que acontece na USP é o que acontece lá fora", afirmou Ana, dizendo em seguida que a universidade estaria "negando" a gravidade dos acontecimentos ocorridos com as alunas.
"Estávamos otimistas no começo, e estava havendo uma resposta da universidade de abrir sindicâncias, mas, ao mesmo tempo, as declarações do reitor e diretor são de negar os problemas. Estamos preocupadas com as declarações feitas pela diretoria e pela reitoria, informou a aluna, completando que acha "desrespeitosa" a forma como as vítimas de abuso vem sendo tratadas.
"É desrespeitoso com as vítimas, que estão sendo silenciadas, como se não acontecesse nada. O próximo passo é que eles reconheçam que houve problemas sim", afirmou a graduanda.
Ana Luiza disse que espera que o relatório que será votado em uma congregação nessa quarta-feira (26) seja aprovado, já que o documento prevê diversas medidas como a criação de grupos de apoio psicológico às vítimas e palestras sobre preconceito e assédio, e que os programas precisam ser educativos, e não apenas punitivos.
"O próximo passo aqui dentro é levar essa luta para outras faculdades, porque essa violência não acontece só na FMUSP", concluiu.
via G1

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