Congresso Educação debate a importância do terceiro setor

Edson Bruno | 3:19 PM | 0 comments

      O tema Educação foi debatido a partir de prismas diversos durante o Congresso Educação: Agenda de Todos, Prioridade Nacional, que aconteceu nos dias 10 e 11 de setembro. Promovido pelo movimento Todos pela Educação em parceria com o Conselho Nacional de Educação – CNE, um dos destaques do congresso foi a atuação do terceiro setor em parceria com os setores público e privado no desenvolvimento do ensino público de qualidade.
     Os especialistas convidados para o debate concluíram que o terceiro setor, formado por entidades e organizações da sociedade civil, permite mais experimentações e inovações em projetos e políticas públicas. “O terceiro setor não é tão avesso a risco quanto o governo. Ele pode experimentar mais”, defendeu Tatiana Filgueiras, gerente de avaliação e inovação do Instituto Ayrton Senna. “Ele pode ajudar no fluxo de informação e conhecimento. Ao mesmo tempo, o poder público é quem deve ser o responsável pela articulação entre todos os setores. É ele quem deve ocupar esse lugar.”
O investimento privado na Educação pública também foi discutido entre os debatedores. Beatriz Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Governança do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife, afirmou que é preciso quebrar algumas resistências e paradigmas. “Temos de envolver pais e professores nessa conversa. Devemos entender que as instituições e entidades podem ter alguns interesses próprios, mas também querem ver seu país melhor. É necessário confiar mais nas alianças”, disse.
Para Roberto Franklin Leão, presidente Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, os problemas na Educação brasileira só terão solução se forem atacados em conjunto. “Considero que o grande papel do empresariado é o de articular politicamente a luta junto à sociedade para garantir o direito à Educação”, afirmou.
O secretário de Educação de Goiás, Thiago Peixoto, lembrou que parcerias do setor privado e da sociedade civil com o governo nem sempre têm como objetivo oferecer financiamento. “Há muita troca de experiências e know-how”, disse ele.
Mais investimentos
O desafio de fazer com que todos se apropriem da Educação passa também, segundo os debatedores, por mais investimentos. “Pais, sociedade, ONGs, empresas, todos somos responsáveis pela Educação e por investir na qualidade da Educação. Existem escolas públicas de excelente qualidade no Brasil. Para isso aumentar, precisamos investir pesado. Para chegar aos 10% do PIB temos que duplicar os investimentos porque, mesmo com os royalties aprovados, ainda estaremos distantes do percentual”, explicou Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, secretário municipal de Educação de Florianópolis. “Não podemos continuar no ritmo de agora, é preciso acelerar”.
Garantia do direito
A atuação dos três setores para que a Educação seja efetivamente garantida como um direito foi um dos temais mais debatidos. Hoje, 3,2 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. Maria de Salete Silva, coordenadora do Programa de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef no Brasil, afirmou que deve haver plena corresponsabilidade entre os setores no tema da universalização dos direitos.
“Temos que buscar 100% de acesso, aprendizagem e conclusão na idade adequada. Não é quase, perto de ou cerca de 100%. São 100%”, afirmou. “Se estamos falando de corresponsabilidade, nenhum de nós pode dizer que não é responsável. Mais da metade da população com 19 anos não completou o ensino médio. Isso é muito trágico. Não podemos deixar essas pessoas para trás”.

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