Vultos folclóricos apodienses

marly | 9:46 AM | 0 comments

O mês de agosto é muito aguardado pelo evento festivo do nosso FOLCLORE comemorado no dia 22/08.  salientamos que a cultura  tem seus destaques locais e para prestigiarmos,faz-se necessário conhecermos e valorizarmos;foi com este intuito que este blog fará uma homenagem a alguns cidadãos apodienses que se destacaram;seja por sua profissão,generosidade ou pela sua personalidade,também pessoas de codinomes singulares,gírias ,valores da terra e a nossa culinária com seus mestres,prestigiando assim a cultura local de nosso município.

        A minha homenagem vai pra  Vicente Maia,"...não cursou nenhuma faculdade,mas na vida ele foi doutor".

Vicente Ferreira Maia, nasceu no dia 29 dias de outubro de1904, no Sítio Boa Vista Apodi –RN; filho de João Ferreira Maia e Maria Gomes de Oliveira, ambos agricultores, enfrentaram as grandes secas de 1915 e 1919. Apesar da grande recessão e fome que passaram, a família sobreviveu comendo farinha seca e os cadáveres de animais que morriam de fome e sede; porém seus pais morreram ainda jovens e tendo que trabalhar, Vicente decidiu–se pela cidade, deixando a agricultura e seus irmãos; chegando “a tardinha” encontra a cidade deserta, pois na época havia grande temor por parte dos moradores devido a ameaça de cangaceiros comandados por Massilon Leite, mas, com o boato de que o bando de Lampião se encontrava na região, o terror era maior. Devido a esta apreensão, o então prefeito Chico Pinto decidiu-se por recrutar homens, dentre estes Vicente Maia, que passou a reforçar a “defesa dos patrimônios moral e material do município”. Durante 2 meses ficaram em trincheiras e só saíram quando souberam da derrota do bando de lampião em Mossoró.

Conhecido por sua altivez e valentia Vicente foi preso na revolução de 1935, levado para Mossoró, acusado de “comunista”, (termos desconhecido pelo réu) e, só foi libertado graças as boas influências com autoridades locais. Decidido mudar de vida, colocou uma banca na feira, e, neste período conheceu uma viúva, cujo esposo fora morto por cangaceiros, e esta pediu-lhe em casamento “sem ter namorado”; Vicente casou-se com Lúcia Hermenegilda e desta união tiveram três filhos: Aléxis, Alba e Anilda. Infelizmente o filho Aléxis morreu precocemente deixando os netos Zé Maria e Titico que chamava por “pai” Vicente, termo usado também por suas seis netas, filhas de Anilda e Galdino; justiça seja feita pois este adotou a todos e não mediu esforços para sustentar a grande família, tornando-se Pai, Herói e Guerreiro.

Viúvo de Dona Lúcia, com o peso dos quase 70 anos, encontrou um novo amor que, desta feita durou a sua existência depois de 20 anos de “namoro” resolveu anunciar, em primeira mão, as netas Marly e Aila que iria “pagar a honra”, da menina Zelinha e, no dia do seu nonagésimo sexto aniversário o Padre Teodoro veio celebrar a união destes perante sua família e amigos. Zelinha foi a enfermeira, confidente e partilhou dos momentos alegres e tristes, na saúde e na doença. Aos 02 de novembro de 2001, quando este despertou e foi tomar o seu banho matinal, conversando normalmente e surpreendeu a todos dizendo ter uma “menina” vendo ele se vestir e ao deitar-se foi desfalecendo.

Hoje só nos resta a sua história. Assim foi sua jornada aqui na terra, foram 97 anos de existência marcados por sua bravura, humildade e honradez

Relata a trajetória de uma pessoa muito especial: POUCAS E BOAS DE VICENTE MAIA; sua história conhecida pela população apodiense, é simples, porém irônica, apesar de sua fama de valente, este afirmou nunca ter brigado, a resolução de seus problemas arranca gargalhadas por parte dos ouvintes são muitas e tentarei lembrar algumas.

As moças cansadas:
Como todo jovem, ele gostava de ir aos bailes e certa vez ao convidar uma moça para dançar esta afirmou está cansada e Vicente retrucou -eu não estou lhes chamando pra correr e sim para dançar; contudo continuou a convidar outras jovens e depois de ser recusado por todas ficou “encabulado” e decidiu acabar com o baile, porém ser alardes perguntou ao sanfoneiro quanto ele dava na sanfona e comprou-a, acabando a diversão, principalmente das moças .

Outra feita este foi convidado por um amigo e ao chegar a festa não conseguindo uma dançarina, o dono da festa que também era o sanfoneiro,ofereceu-lhe sua esposa para dançar, e estes dançaram a noite toda. Passado alguns dias o sanfoneiro vai vender a sanfona e o Maia agradecido pelo gesto “solidário” ocorrido na festa, compra o instrumento, mas em seguida o entrega novamente alegando ter se “divertido” com a esposa deste e, portanto, merecia ficar com o presente, o amigo saiu todo contente.

Outros fatos ocorreram quando este era magarefe e os seus colegas da época presenciaram.

A carne fedida: 
Uma vez o freguês comprou uma costela de boi e esqueceu-se de levar para casa, seria normal se este não morasse na zona rural e viesse a rua só aos sábados; porém poucas e boas de Vicente Maia, decidiu guardar a encomenda por consideração, imaginem a podridão que ocasionava aquela danada. Chegando finalmente o sábado, o cliente comenta o esquecimento e pede para pesar outra costela. Vicente já agoniado com o fedor da anterior esbravejou:-não Senhor, você vai levar aquela que deixou aqui! E o coitado teve que levar a carne podre.

A história da bicicleta: 

Vicente era uma pessoa caridosa, sempre que os amigos precisava recorriam a ele. Certa vez um compadre veio tomar emprestado sua bicicleta para fazer uma viagem,garantindo devolver logo que voltasse. Passado algum tempo sem que a bicicleta fosse entregue, e, Vicente foi a casa do compadre e, ao invés de pedir de volta, tomou por empréstimo. O outro envergonhado entregou-a. Logo que retornou Vicente foi entregar a bicicleta ao compadre. Este retrucou: - Compadre essa bicicleta é a sua!, e este respondeu: se fosse minha, estava lá na minha casa e eu não precisaria tomar emprestado. Vicente deixou a bicicleta e foi embora. A lição dada ao compadre por ele ter descumprido a promessa, lhes saiu cara, pois perdeu a bicicleta. 
     

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