Ampliar a carga horária não garante ensino de qualidade nas escolas
Pesquisa aponta que alunos brasileiros ficam menos de 4 horas na escola, mas especialistas defendem que é necessário fazer outras mudanças
Um dos objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional desde 2011, é oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas. O Brasil tem até 2020 para cumprir essa e outras metas e, particularmente em relação ao tempo integral, ainda estamos longe do esperado. De acordo com a pesquisa Tempo de Permanência na Escola, divulgada em 2009 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), os alunos brasileiros de 4 a 17 anos ficam menos de 4 horas por dia na escola. Já a média na China é de 9 horas. Mas, será que passar mais tempo na escola é a solução para alavancar a educação no Brasil? Para Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), ampliar o tempo é importante, mas é preciso garantir o impacto positivo na formação.
“Pela lei brasileira, são 800 horas de aula distribuídas por 200 dias ao longo do ano. Na Argentina, são 1100 horas/ano, no México, 1200 horas/ano. No Japão, contando da Educação Infantil até o Ensino Médio, são cerca de 7000 horas de estudo. O Brasil é um dos poucos países onde as crianças ficam menos de 4 horas na escola. Mas não adianta ampliar a carga horária e ter atividades que não são integradas ao currículo. Criou-se a ideia que o conteúdo dado na sala de aula é chato, e as atividades no contraturno são legais. O ideal seria articular escolas e instituições que oferecem outras atividades e montar um plano conjunto, que depois seria transformado em políticas públicas”, ressalta a coordenadora do Cenpec, organização sem fins lucrativos que, desde 1987, desenvolve ações voltadas para a melhoria da qualidade da educação pública.
* Ariele França, Érika Isabel, Fabiola Morais, Déborah Thalia e Isabelle Dayane. *
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